Clikando – A Faixa da Emoção!

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Por: Gabriel Bagliotti*

Confesso a todos que sou uma pessoa muito emotiva, por baixo desse corpo todo e esta cara de bravo existe uma pessoa muito emotiva. Apenas os familiares e os amigos mais próximos, sabem o que estou dizendo.

E no último mês, devido à pandemia do Coronavírus, com a imposição do distanciamento social como um dos únicos remédios para combater a disseminação da Covid-19, as emoções estão mais a flor da pele.

Acredito que isso esteja acontecendo com quase todo mundo, principalmente com a saudade do contato com as pessoas, do convívio em família e a sensação de estarmos vivendo um dia de cada vez.

Mas, voltando a falar das minhas emoções, relembrar fatos históricos, conquistas esportivas e shows musicais, especialmente o especial de final de ano, do Rei Roberto Carlos é o que mais me leva às lagrimas. Esse último, motivo de piadas entre os amigos, tendo em vista que há anos, no mesmo dia do programa, realizamos a nossa confraternização de encerramento do ano.

Porém, no último domingo, 26 de abril, a emoção foi mais forte!

Devido à interrupção de toda a atividade esportiva em praticamente todo o mundo fez com que a Rede Globo de Televisão tem reprisado momentos marcantes do nosso esporte. E no domingo, foi a vez da grande final da Copa do Mundo de 1994. E desta maneira me recolocando no ano de 1994. Eu tinha apenas seis anos de idade, não me lembro de muita coisa, mas lembro da morte de Ayrton Senna e da final da Copa do Mundo, duas sensações bem diferentes, a mais profunda tristeza e a mais alta alegria.

Mesmo com toda a loucura em que vivemos nos dias de hoje, o brasileiro do início dos anos 1990 não tinha quase nada a comemorar.

Poucos anos após a redemocratização o Brasil vivia um caos, seja ele social, político e econômico. A inflação estava na casa dos 1.000% ao ano, na política, o país contava com uma nova constituição, Sarney havia entrado no lugar de Tancredo. Collor já tinha derrotado Luis Inácio nas urnas e ‘impeachmado’ anos depois, devido às farras na Casa da Dinda. Enquanto tudo isso, o brasileiro trabalhava de sol a sol por um punhado de dinheiro que não chegava nem na metade do mês.

As principais alegrias vinham do esporte, especialmente com Ayrton Senna da Silva e com a seleção brasileira de futebol.

Revendo a “peleja” tudo estava sob controle, até as cobranças de pênaltis no qual naturalmente a emoção vem à flor da pele as coisas seguiam sob controle, mas foi só a telinhas mostrar os jogadores exibindo a faixa em homenagem a Senna as lágrimas vieram nos olhos.

Senna já havia sido tricampeão mundial de Formula 1 e assim como a seleção sonhava com o Tetra. Galvão Bueno inúmeras vezes já afirmou que o piloto combinará com os jogadores que naquele ano sairiam dois títulos, o da seleção e o dele.

Porém, existia uma curva no meio do caminho. Essa curva tinha nome e local. Senna morreu em 1º de maio de 1994, como resultado de uma colisão entre o carro do piloto brasileiro em uma barreira de concreto, enquanto participava do Grande Prêmio de San Marino, no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, na Itália.

Meses depois, a seleção brasileira entrava em campo, imbuída em cumprir a promessa feita a Ayrton. Bravamente chegamos a final, repetindo a final de 1970, vinte e quatro anos antes. Em uma partida com poucas chances de gol o jogo foi aos pênaltis. E todos já sabem o que aconteceu. Baggio isolou sua cobrança, Galvão Bueno enlouquecido gritava “É Tetra… É Tetra… É Tetra… É Tetra…” e a faixa da emoção era empunhada pelos jogadores.

Amanhã, 1º de Maio, celebramos mais um aniversário da morte de Senna, lá se vão vinte e seis anos, novas reportagens serão feitas, matérias serão exibidas e sempre me lembrarei das vitórias de Ayrton Senna do Brasil e da maravilhosa seleção de 1994.

*Gabriel Bagliotti é jornalista e diretor presidente de O Defensor

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