População é favorável às concessões e parcerias para a gestão de parques

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 “Os resultados apontam que 53% são favoráveis a esse tipo de gestão em parques naturais, e 64% em parques urbanos Entender os hábitos e os anseios da população são fundamentais para desenvolver bons projetos”, destaca Fernando Pieroni, diretor-presidente do Semeia.

Um novo estudo de tendências intitulado “Parques no Brasil – Percepções da População”, divulgado neste mês pelo Instituto Semeia, aponta as barreiras à visitação e as expectativas das pessoas em relação ao modelo de gestão dos parques brasileiros, tanto os naturais quanto os urbanos. Realizado no segundo semestre de 2019 com 1.198 entrevistados das seis regiões metropolitanas do país (Brasília, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), o levantamento revela que embora brasileiros e brasileiras conheçam e tenham interesse sobre os parques do país, a visitação a esses espaços é esporádica ou ainda não faz parte da rota de destinos turísticos das pessoas. Além disso, a população entrevistada considera positiva a implementação de novos modelos de gestão de parques baseados em parcerias público-privadas.

Quando o assunto é parque natural, ou seja, aqueles que têm grandes áreas destinadas à conservação, normalmente distante de centros urbanos, 40% dos entrevistados dizem visitar esporadicamente esses locais. Para os que nunca visitaram, os principais entraves para tirar os planos de visita do papel são: custo de viagem (47%), custo de hospedagem (29%) e distância (18%). O fator cultural, como a preferência por outros destinos, também é um forte influenciador de decisões. “Por exemplo, os paulistanos preferem demorar até 12 horas para ir às praias do litoral norte do Estado sem se dar conta que passam muito próximos ao Parque Nacional do Itatiaia, o mais antigo e um dos mais importantes parques do país” pontua Fernando Pieroni, diretor-presidente do Instituto Semeia.

No caso dos parques urbanos, conhecidos por serem a extensão da casa das pessoas, as barreiras de distância e hábito cultural se repetem. Aliado a isso, outros fatores relacionados à gestão dos parques, como por exemplo falta de segurança (17%), banheiros e instalações ruins (10%), constam como impeditivos para a visitação desses espaços.

Com relação a aceitação de novos modelos de gestão dos parques brasileiros, um dos pontos abordados foi se as pessoas entrevistadas são “a favor ou contra concessão/parcerias dos parques com empresas ou entidade privadas”. Os resultados apontam que 53% são favoráveis a esse tipo de gestão em parques naturais, e 64% em parques urbanos. Para Pieroni, “existe uma aceitação crescente da sociedade para as parcerias em parques e que, atualmente, elas estão concentradas nos modelos de concessão. Mas a evolução dessa agenda requer o amadurecimento das possibilidades deste instrumento, pois os parques são distintos entre si”.

O diretor-presidente do Semeia complementa que para alcançar essa evolução, é necessária ainda a construção de uma política de Estado abrangente, que vai além da pasta de meio ambiente. “A visitação dos parques requer um olhar mais amplo que envolvem aspectos relacionados à transporte, turismo e, no caso dos parques naturais, até mesmo políticas de desenvolvimento regional”.

Outro ponto captado pelo estudo é a expectativa dos respondentes em relação a adoção de concessões/parcerias nos parques. Em linhas gerais, a proporção daqueles que possuem uma perspectiva de melhoria desses espaços com a implementação desse modelo de gestão prevalece tanto em parques naturais (58%) quanto em urbanos (66%).

Para os parques naturais, a expectativa de melhoria se concentra em atividades de limpeza (73%), iluminação (71%) e segurança (71%). Nos parques urbanos, as pessoas entrevistadas disseram esperar melhores condições em atividades de iluminação (78%); limpeza (77%); equipamentos de lazer (75%); e banheiros (75%). “O que temos visto no Brasil é um número crescente de programas de parcerias em parques. Entender os hábitos e os anseios da população são fundamentais para modelar bons projetos”, avalia Fernando.

De acordo com o Mapa das Parcerias do Instituto Semeia, atualmente no Brasil existem cerca de 102 parques em diferentes etapas do ciclo de um projeto de parceria com iniciativa privada. Trata-se de projetos conduzidos por governos nos três níveis da federação.

Alguns ainda na fase de estudos e planejamento pelas entidades responsáveis, outros em licitação ou em via de assinar contratos com a iniciativa privada. Para o diretor-presidente do Semeia, ”as parcerias podem ser um importante catalisador para fomentar o desenvolvimento econômico, a conservação da biodiversidade e a geração de renda para o país”.

Sobre o Semeia:

Criado em 2011, o Instituto Semeia é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos. Com sede em São Paulo (SP), trabalha para transformar áreas protegidas em motivo de orgulho para os brasileiros. Atua nacionalmente no desenvolvimento de modelos de gestão e projetos que unam governos, sociedade civil e iniciativa privada na conservação ambiental, histórica e arquitetônica de parques públicos e na sua transformação em espaços produtivos, geradores de emprego, renda, impostos e oportunidades para as comunidades do entorno, sem perder de vista sua função de provedores de lazer, bem-estar, qualidade de vida. São pilares de sua atuação: a geração e sistematização de conhecimento sobre a gestão de unidades de conservação; o compartilhamento de informações por meio de publicações e eventos; a implementação e o acompanhamento de projetos com governos de todos os níveis, como forma de testar e consolidar modelos eficientes e que possam ser replicados no país.

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