Empresas familiares são maioria no país

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Advogado fala sobre os desafios dessa gestão e dá dicas para aumentar a longevidade dos negócios em família, já que dados apontam para a dificuldade de sua manutenção entre gerações.

No Brasil é comum a abertura de empresas familiares. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sebrae, elas representam 90% das empresas no país, o que leva a uma representatividade de 65% no Produto Interno Bruto (PIB) e à empregabilidade de cerca de 75% dos trabalhadores. Porém, os índices de sobrevivência dessas companhias são muito menores: apenas 5% sobrevivem à terceira geração, também de acordo com o IBGE. São vários os desafios que levam a esse resultado.

Murilo Aires, advogado do escritório Dosso Toledo Advogados, de Ribeirão Preto, explica que o próprio crescimento do negócio pode interferir na sua sobrevivência. “Após atingir um determinado volume, é imprescindível evoluir na profissionalização da governança da empresa, o que não significa, necessariamente, a substituição de membros da família por profissionais do mercado. É importante que haja ao menos o aprimoramento contínuo daqueles que a compõem”, conta.

O especialista em direito empresarial pontua que os empreendedores devem ficar atentos a não permitir que relações e desavenças pessoais ou familiares interfiram na boa direção dos negócios. “Além disso, em alguns casos pode ser recomendada a contratação de dirigentes externos para a condução racional e qualificada da empresa. Essa medida é indicada em momentos de dificuldades ou quando não há consenso entre os gestores.”

Conforme a empresa se desenvolva no mercado, aumentando o volume de operações e receitas, a complexidade da gestão também cresce. Neste momento é possível que a sociedade abra espaço para a entrada de outros sócios-investidores, os quais passam a participar das deliberações.

 “A solução para empresas familiares que se tornam grandes, com novos sócios e investimentos, é evoluir na organização societária, e até mesmo transformar-se em sociedade anônima. Dessa forma, a empresa passa a contar com melhor estrutura para as deliberações dos acionistas, sobre todas as atitudes tomadas pelos diretores, e com novas ideias ao empreendimento. Dessa maneira, a empresa pode contar com a opinião e voto de outros profissionais qualificados, não ficando adstrita apenas ao núcleo familiar que deu origem ao negócio”, explica Murilo.

Outro procedimento comum e desafiador é a sucessão familiar, que deve ser feita gradativamente, com acompanhamento de advogado, para diminuir o risco de a empresa ser mais uma dentre as várias corporações que não resistem à troca de gerações.

 “O ideal é que haja um planejamento a fim de organizar e conciliar os interesses dos membros da família em torno da empresa, buscando separar ao máximo as desavenças pessoais da condução dos negócios. Por exemplo, se determinados membros se interessam pela administração dos negócios enquanto outros desejam apenas participar dos lucros, isso deve ser formalizado. Dessa maneira, dá para remunerar de modo justo o trabalho daqueles que participam efetivamente da direção e respeitar os lucros de quem tem interesse apenas na participação no capital”, esclarece Murilo.

O advogado ainda alerta que podem existir casos em que não há o interesse de nenhum dos membros da família pela direção da empresa. Diante desse quadro, os sócios podem definir a contratação de um novo administrador, e organizar suas participações. “Tudo é possível a partir da formalização de acordos entre as partes envolvidas, da constituição de holdings, entre outros instrumentos jurídicos. Por isso, há a necessidade de fazer o processo de sucessão com planejamento e tempo”, finaliza.

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