Artigo: Natal – luz  da cidade

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Hoje, por volta das 8h, no exato momento que entreva em meu quartinho particular para dar continuidade ao livro que estrou escrevendo, neste instante ouvi no  rádio uma noticia que me chamou atenção. Se tratava de uma entrevista na verdade. A pessoa entrevistada era um comerciante e grande amigo. O assunto girava em torno das festividades de fim de ano. Meu amigo, um ilustre cidadão taquaretinguense falava entusiasmado das lojas que estavam sendo enfeitadas, de milhares e milhares de luzes que foram colocadas, na fachada das casas, nos postes centrais da cidade, em ávores das praças, arovres esstas que vistas a noite, ao longe pareciam estrelinhas cintilantes, dizia ele. Também comentava meu amigo da grama dos jardins que foi aparada com muito capricho, das guias das ruas pintadas de branco.

Enfim, todo empolgado, falava ele da beleza e da simpatia de nossa querida cidade depois de todo esse trabalho realizado. Entretanto, derrepente o homem começou a falar de politica, então, um pouco desapontado desliguei imediatamente o rádio.

Lembrei-me de tempos atrás quando a cidade era bem mais tranquila. Naquela época quase não  existia violencia vizual. Quando chegava o fim de ano, a cidade também era enfeitada, porem, com moderação e simplicidade, mas com o espírito verdadeiro do natal! As comunidades juntamente com seus grupos de jovens se uniram rezando pelas ruas e praças serenas e acolhedoras. Por onde passaram eram respeitados e admirados por toda a população.

Retiros espirituais aconteciam em grande parte das igrejas de toda a região, também em fazendas, nos campos etc… e as crianças? Irradiantes de alegria esperavam freneticamente a chegada do papai noel,familias inteiras se juntavam em interminaveis novenas comemorando antecipadamente o nascimento do Menino Jesus. Era muito gostoso e muito mais cristão aquele tempo.

Todos os eventos religiosos criavam na ciadade um clima de armonia de fraternidade, de união e de amor ao proximo. Era realmente a magia a energia do natal que envolvia a alma do povo. Com tudo, infelizminete com o progresso, com a modernização, com toda a tecnologia, vivemos outros tempos… Hojeas crianças não acreditam mais no velinho barbudo, recebem seus caros presentes antes da data esperada e não dão a devida importancia a esse carinho de seus pais, por outro lado os adultos só se preocupam com as grandes festas. Embebedam-se, comem exageradamente. Comente barbaridades na cidade desprotegida. Apesar dela estar toda enfeitada, ao mesmo tempo se torna triste, sem graça,pois ninguem se preocupada em enxergar suas luzes. As pessoas querem tão somente se “divertirem” a qualquer custo.

Na minha infancia tudo era muito diferente. Eu um menino raquítico, muito pobre, com mais cinco irmãos, meu pais camponeses trabalhavam ardoamente a terra que nos dava o sustento necessario para o dia a dia, mas para nossa familia o natal era sagrado! Dias que antecediam essa data minha saudosa mãe em companhia das vizinhas se entregavam em rezas por toda a região onde morávamos, meu pai, que Deus também o tenha, um homem de expressão bravia, na verdade não passava de um menino brincalhão. Nestes dias ele se empenhava no máximo na limpeza e na pintura de nossa humilde casinha. Lembro-me que num canto da sala meu pai, com ajuda de mamãe construía um altar, colocando no centro a imagem de Nossa Senhora que segurava pela mão o Menino Jesus. Esse altar também era todo enfeitado com vários vasos de flores, que eram colhidas do nosso jardim. Mesmo com certas dificuldades, éramos uma família unida, feliz e abençoada por Deus. Mas, como tinha que ser o tempo passou e tudo mudou!…

As cidades se enfeitam. Lojas são muito bem arrumadas, tudo é arranjado. É a melhor hora para o comércio, melhor data para vender. É Natal! Todavia, as famílias muitas vezes desunidas, pais, filhos, irmãos, todos “distantes”, às vezes, vivendo na mesma cidade, num cotidiano imposto por “tempos modernos”, pelo progresso, pela necessidade que cada um tem em conquistar seu espaço em uma sociedade de consumo cada vez mais capitalista e que é responsável pelo empobrecimento do verdadeiro sentido do Natal. É pena, mas, nesta data as cidades ficam lindas, reluzentes nas noites de dezembro. Entretanto, o homem continua caminhando na escuridão, sem ter condições de enxergar a verdadeira Luz que brilhou intensamente a dois mil anos, contudo, jamais deixará de dar esperança à humanidade caminhante.

Jair Castanhari

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