Pesquisa inédita em SP traz ganhos à produção de pêssego

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Estudo da Secretaria da Agricultura e Abastecimento com novo método de plantação identifica ganho de peso do fruto.

São Paulo está em plena safra de pêssego, que pode ser consumido in natura, sucos e geleias. Para auxiliar os agricultores na obtenção de produtos de qualidade, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico, desenvolve uma pesquisa inédita no Brasil com o sistema de produção em paredão frutal na cultura do pêssego.

Os ganhos são vários com a técnica:

  • Aumento em torno de 10% no peso do fruto, que também apresenta polpa mais firme;
  • Melhor coloração e sabor, características que agregam valor ao produto;
  • Redução do porte da planta, facilitando a colheita manual ou mecanizada;
  • Facilitação da aplicação de agroquímicos, reduzindo as doses usadas.

“Esses ganhos de qualidade do produto agregam valor, pois a firmeza resulta em frutos menos danificados na pós-colheita, proporcionando maior tempo de duração nas gôndolas, além de frutos mais suculentos”, afirma a pesquisadora do instituto, Graciela da Rocha Sobierajski.

A principal diferença entre o sistema de produção em paredão frutal e o sistema convencional em Y está no modo de fazer a poda dos ramos. No paredão frutal, a poda é feita com o objetivo de manter os ramos voltados para a área interna da linha de plantio. No convencional em Y, o corte direciona os ramos para a rua.

De acordo com Sobierajski, com o desbaste feito no sistema de produção em paredão frutal, tem-se melhor cobertura da copa, resultando em menor incidência de sol nos galhos e, consequentemente, maior proteção da planta a queimaduras por radiação solar. Ainda assim, essa poda proporciona acesso do sol na medida certa aos frutos, que apresentam melhor coloração e sabor.

A pesquisadora e o produtor que participa do estudo, Waldir Parisi, acreditam que a tecnologia traz ainda maior longevidade aos pomares, podendo prorrogar de 10 para até 15 anos. “A queimadura da planta é principal responsável pela redução da vida produtiva do pessegueiro”, diz Parisi. O estudo é desenvolvido desde 2015.

Cuidado com a poda

Seja qual for o método de produção, o cultivo de pêssego depende da poda dos ramos, que deve ser realizada por profissionais especializados para que haja o florescimento. “Algumas espécies exigem cortes maiores e outras, menores; por isso conhecer bem a variedade e suas características é importante para uma boa produção”, diz a pesquisadora.

A variedade de pêssego escolhida para a pesquisa no sistema em paredão frutal foi a Tropic Beauty, originária dos Estados Unidos, que foi introduzida no Brasil e teve boa adaptação climática e aceitação pelos produtores e consumidores, além de ser precoce.

O Estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional, mas São Paulo tem uma produção antecipada, que disponibiliza frutos para comercialização a partir de agosto. Nos pomares paulistas, a produção está concentrada nos municípios de Atibaia, Jarinu e região Sul do Parapanema. Apenas em dezembro as cultivares do Rio Grande do Sul, Argentina, Chile e Uruguai chegam ao mercado.

Planos futuros

Parisi, que participa dos estudos desde o início, já reformou oito hectares de sua produção e pretende ampliar para mais cinco hectares em 2020. Segundo ele, embora o custo de renovação do pomar seja o mesmo que no sistema convencional, em torno de R$ 40 mil, por hectare, a nova técnica proporciona uma redução nos custos de aplicação de defensivo e, futuramente, trará mais economia com a mecanização da colheita.

“Esperamos que, em breve, a colheita possa ser mecanizada, pois há melhores condições para a prática; além de uma avaliação futura sobre a diminuição do uso na aplicação de defensivo”, acredita.

O estudo está na terceira etapa, de um total de cinco. O objetivo é analisar as safras em todos os cenários possíveis. A pesquisadora espera que essa técnica seja transferida em breve para outros estados. Ela ainda pretende, após a finalização das últimas duas etapas, retomar o estudo com foco nos componentes nutricionais.

“Como os frutos apresentam melhor fitossanidade e maior incidência de radiação, pode ter um acréscimo de nutrientes, mas que só será comprovado em um futuro projeto de pesquisa”, diz.

Do Portal do Governo

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