Nossa Palavra – Em honra ao trabalhador

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Meia dúzia de gatos pingados, além da corte municipal, se reuniu na manhã de quarta-feira, na Praça 1º de Maio, perfilados ao lado do Tiro de Guerra (TG) e da Banda Maestro Marin, a “Furiosa” (como é carinhosamente chamada), para saudar a bandeira brasileira, estadual e do Município e ouvir os discursos em honra a data em que o trabalhador é homenageado.
O 1º de Maio, todavia, não é mais o mesmo. Os discursos, que antes eram inflamados, se tornaram furta-cores, sem definição. Numa época em que nem os professores sabem cantar o Hino Nacional, no Dia do Trabalho a praça parece a Câmara Municipal: fica vazia. Naquele tempo o jardim em frente a Estação de Trem (aonde é hoje a nova Prefeitura) ficava lotado.
Era o civismo, tocado por um profundo patriotismo, um sentimento indubitável de amor ao país em que nascemos. Malandros e corruptos tantos horrores e mazelas fizeram à Nação (e não é de hoje) que esse sentimento se reverteu em nojo e repulsa. Falar mal do Brasil agora virou ponto de honra para chegar aos píncaros da glória, inclusive na imprensa mundial.
Não é assim. Talvez o nível de corrupção e banditismo que assolou o país (além solidificar o Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País), de Estanislau Ponte Preta, também solidificou o aversão que os brasileiros emprestaram ao Brasil, levando no bojo esse Complexo de Vira-Lata que tanto nos humilha e nos faz imitar os nossos irmãos dos Estados Unidos.
Vá lá o brasileiro idiota de uma figa rasgar a bandeira norte-americana, debochar do hino nacional dos EUA ou quiçá chutar uma foto do atual presidente (mesmo sendo um mentecapto como Donald Trump). Não só corre o risco de ir para a cadeira elétrica ou pode mesmo ser linchado em praça pública pela própria população. Eles são nacionalistas nesse nível.
O populismo (principalmente o assistencialista) tornou o país assim dengoso (não no sentido de dengue, mas no de preguiça, moleza e maledicência). Já falaram que somos cordeirinhos. Não somos: somos preguiçosos, como já definiu o escritor Monteiro Lobato em “Jeca Tatu”. E é esse paternalismo que nos deixa indolentes, desinteressados e à espera que caia maná do céu.
Nos tornamos Macunaíma, o herói sem troféu, um povo sem iniciativa e sem princípios, que precisa de um pontapé para começar a produzir. Talvez seja este cutucão que esteja faltando na barriga da perna do brasileiro. Desde que não prejudique o tendão nós, d’O Defensor, concordamos plenamente. O governo federal, infelizmente, dá uma no cravo e outra na ferradura. Não é?
Ao mesmo tempo em que estuda derrubar o ensino de sociologia e filosofia, o governo quer reinventar o curso de moral e cívica (que até hoje ninguém sabe por que acabou, já que não tem nada a ver com ditadura militar – uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa). Muitos valores éticos e morais embarcaram na enxurrada do lixo do regime de exceção. Eram importantes.
Por isso hoje é fundamental ouvir analistas como Arnaldo Jabor e Augusto Nunes, ou reler escritos de Paulo Francis e Glauber Rocha. São todas as pessoas que passaram pelo crivo da história e não pularam etapas, como fazem hoje as novas gerações. Dissecaram ideologias, se debruçaram sobre elas e, antes de tudo, fizeram crítica e auto-crítica dos seus erros e acertos.
Mas escrevíamos sobre 1º de Maio ou propriamente Dia do Trabalho, que hoje se transformou em folguedos infantis e festa de confraternização. Ao pé da praça, onde ficava encravado o Hotel, da sacada lotada de políticos, se fazia discursos memoráveis, sob o espocar de morteiros, defendendo os direitos dos trabalhadores. Hoje querem retirar esses mesmos direitos.
Enfim, que voltem os tempos cristãos. Que retorne o espírito de solidariedade e paz entre todos. Não podemos esperar mais. No entanto, não devemos arredar pé dos princípios que governam a Nação. Desistir, jamais.

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