Estupro: médicos decidem fazer cesárea em menina de 11 anos violentada na Argentina

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Cirurgia foi realizada apesar de a menina ter expressado o desejo e solicitado autorização para fazer um aborto, permitido no país em casos de estupro e risco à saúde; médica argumenta que procedimento não seria possível.

Um hospital da Província argentina de Tucumán realizou uma cesariana em uma menina de 11 anos, estuprada pelo parceiro da avó. A cirurgia foi realizada apesar de a menina, grávida de cinco meses, ter expressado o desejo e solicitado autorização para fazer um aborto – a lei argentina contempla essa possibilidade em casos de estupro e risco à saúde.

A gravidez foi detectada na 19ª semana, em 31 janeiro. Logo em seguida, a menina expressou seu desejo de fazer um aborto. “Eu quero que vocês tirem isso de dentro de mim que foi colocado pelo velho”, disse a menina, segundo o registro médico anexado ao processo judicial.

A médica Cecilia Ousset, ginecologista, explicou à TV TN como se deu o procedimento. Segundo ela, o secretário executivo de saúde da Província, Gustavo Vigliocco, a convocou para realizar o aborto, mas ela recusou alegando objeção de consciência. Assim, elegeram seu marido para fazer a intervenção. Vigliocco havia defendido antes, em uma entrevista à Rádio Com Vos, que a menina era capaz de continuar com a gravidez porque ela “pesava mais de 50 kg”.

Ao chegarem ao hospital, ela conta que se depararam com uma menina em um “corpo infantil não desenvolvido” brincando com uma cadeira de plástico. “Minhas pernas ficaram moles, era impressionante”, disse Ousset.

Na sala de cirurgia, o anestesista e a enfermeira também alegaram objeção de consciência. De acordo com a médica, não era possível realizar o aborto por via vaginal porque o corpo da menina não estava desenvolvido. Segundo a ginecologista, a menina não teria condições de chegar ao oitavo mês de gravidez.

A médica também afirmou que a menina apresentava sintomas de pré-eclâmpsia e poderia morrer. Por esse motivo, como relatou a Ousset à TV argentina, o médico decidiu realizar uma microcesariana. O bebê foi retirado vivo e colocado em uma incubadora neonatal.

Os médicos enviaram amostras do cordão umbilical e da placenta para exames de DNA que confirmarão a identidade do estuprador, que está preso.

Fontes judiciais tinham dito que seria levado adiante a interrupção da gravidez. Antes da cirurgia, o governo de Tucumán havia informado que defendia “salvar vida”.

O aborto é permitido desde 1921 em casos de estupro e em situações em que a saúde da mulher está em risco. Em 2012, foi estabelecido o protocolo de interrupção legal da gravidez (ILE) para situações como essa.

As informações foram retiradas do Jornal O Estado de São Paulo.

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