Insuficiente: Brasil tem um geriatra para cada 16 mil idosos

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A profissão é uma das prioridades em países como Japão e Austrália em programas de incentivo à imigração.

Enquanto países do mundo todo se movimentam para atender a população com mais de 60 anos, o Brasil ainda tem grandes desafios pela frente. Um deles é na área da saúde, com um número insuficiente de geriatras.

Em Portugal, uma a cada cinco pessoas tem 65 anos ou mais. A projeção do Instituto Português de Estatística é que em 2080 sejam pelo menos três pessoas nessa faixa para cada jovem. Para o Brasil virar um imenso Portugal ainda deve demorar. Um dos desafios é na segurança, como conta a estudante brasileira Luana Almeida, que mora em Lisboa.

“Parece uma cidade de interior, sabe? Apesar de ser uma capital. Eles ficam na rua, eles ficam nos bares sentados nas calçadas, mesmo agora no inverno, sabe? Ficam nas mesinhas conversando. E isso pra mim é uma qualidade de vida absurda, coisa que no Brasil você não consegue fazer. Sentar numa calçada e ficar conversando sem medo de alguém vir e roubar sua carteira. Eu sinto essa tranquilidade aqui”, conta.

Nesta semana, Luana vai voltar ao Brasil e encontrar a bisavó, Beatriz, que acaba de completar 101 anos. Caso cada vez menos raro. Em 2010, o Brasil tinha 22.676 centenários. Mas a saúde pública ainda precisa melhorar muito. Isso porque a maior parte dos 1.817 geriatras e 34 mil cuidadores trabalham para o sistema privado.

A menos de 900 km da capital portuguesa, uma inovação. Em Ermua, na Espanha, a prefeitura resolveu ajudar a pagar as reformas nas casas para adaptá-las a moradores com mais de 65 anos. Eles até criaram uma cartilha para adaptação.

A França teve que começar a investir em pesquisas nesse tema depois de uma tragédia chamada de “Canicule”. Foi em 2003. A Europa teve o verão mais quente da história moderna e mais de 14 mil morreram. A maioria tinha mais de 75 anos e foi vítima de desidratação.

No Japão, com aposentadorias insuficientes, o especialista da USP, Masato Ninomiya, observa outro fenômeno.

“Tem muitos casos de suicídio. Tem gente que dorme na rua. Tem idosos que até, quando chega nos meses de setembro e outubro, quando começa a esfriar aqui, eles cometem pequenos tipos de crime como furtos, ou vão no restaurante comem, bebem e não pagam. São condenados a dois, três meses de prisão, que é exatamente o que eles querem, porque vão pra cadeia onde tem aquecimento, serviço médico gratuito e aí ficam na penitenciária até chegar o mês de março, abril, quando a temperatura começa a esquentar”, diz.

O Japão vai receber a partir de abril e nos próximos cinco anos 65 mil cuidadores de idosos num processo de imigração incentivada. Quem escolheu viver assim foi o brasileiro Fyllipi Fontes, só que na Austrália. Lá, ele cuidou do guitarrista Malcolm Young, um dos fundadores da banda AC/DC, nos seus últimos dias de vida. A escolha da profissão facilitou o visto.

“Uma das principais preocupações do governo australiano é exatamente a qualidade que os idosos e os deficientes estão vivendo porque a expectativa de vida do australiano hoje em dia está em torno de 80 anos então essa área de cuidador de idosos e deficientes é uma área que cresce bastante aqui”, conta.

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