Artigo: Diz que é de Taquaritinga…

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Gustavo Girotto, jornalista.

Como trovões ou fogos de artifício pipocando no céu, a quantidade de posts no Facebook a respeito da asserção – “Diz que é de Taquaritinga, mas…” é surpreendente. Mais que isso, embarcou temas memoráveis do passado até causos que subsistem no imaginário popular.

Na enxurrada das lembranças, algumas pérolas emergiram – “mas nunca andou de skate no Bowl do Zé; nunca foi na matinê do Cinema do Abud; nunca ouviu que é a terra de ladrão de cavalos; nunca comeu o sonho do Seo Afonso ou tomou a raspadinha do Seo Mané; tomou o Guaraná Ideal” – passando pela ironia política do “Diz que é do PSOL e que Taquaritinga está uma merda, porque o povo não sabe votar, mas foi do PT e não assume que elegeu o Fúlvio; é de Taquaritinga e trabalha nela: então é da Prefeitura” – até rimas valorosas do tipo – “Diz que é Paulo Delgado de coração, mas defende o Vanderlei em toda sessão”, e foram preenchendo a timeline em fração de segundos.

Esse efeito manada instantâneo, termo usado para descrever situações em que indivíduos em grupo reagem todos da mesma forma, embora não exista uma direção planejada, nos aponta algumas rotas ainda incertas. Os macacos que habitam o sótão de cada um – aquele compartimento esconso de uma casa – foram liberados rapidamente não só para relembrar, mas a crítica acompanhou em parte o número progressivo de postagens.

Gustavo Girotto, jornalista

Olhando de longe, a impressão é que a organização primorosa do carnaval, ainda não acompanhou na mesma velocidade o crescimento econômico esperado pelos moradores. Repito: ainda não acompanhou! E ora, mesmo que a ironia seja uma atitude individual, também é uma forma cristalina de comunicação para reivindicar.

A aclamada série “La Casa de Papel, que rapidamente ganhou popularidade, de pano de fundo usou a canção “Bella Ciao” – originalmente italiana, mas regravada em diversas línguas. A música acabou se tornando um hino da resistência contra a política fascista de Benito Mussolini no final de seu governo durante a década de 1940. Na trama, a música é entoada em diversos momentos pelos protagonistas, marcando as passagens mais “revolucionárias”. O provocativo desditoso “Diz que é de Taquaritinga (…)”, algumas vezes, se enveredou pelos mesmos sinuosos caminhos nas publicações.

Diz que é, mas não é! O fato cristalino da mensagem é que, quem não é, também adoraria ser de Taquaritinga. Nascer nas terras de Bernardino José de Sampaio é um privilégio de poucos. Por outro lado, parte dos que habitam, ainda esperam que os que -“Diz que é de Taquaritinga”, promovam asap (as soon as possible) uma mudança real e radical nos rumos da cidade. E, caso não façam, eles podem deixar de ser de Taquaritinga, pelo menos na visão dos futuros eleitores (…)

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