Nossa Palavra – Empurrando com a barriga

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Calejados pelos sucessivos golpes e calotes salariais, os servidores municipais pouco reagem às bordoadas que recebem do poder público. Vem sendo assim há pelo menos três anos (ou um pouco mais). O funcionalismo público apenas dá, não recebe. Pior ainda: geralmente é ludibriado com propostas fantasiosas. Foi assim que aconteceu com a mudança da data-base (que passou para o mês de maio para “agradar” o prefeito). Em contrapartida, os empregados da Prefeitura seriam beneficiados com a manutenção das seis horas de trabalho. A jornada, porém, retornou ao que era (oito horas diárias), prejudicando sensivelmente os servidores da Cidade. Eles perderam ainda cartão-alimentação, horas extras e direitos outros. Tudo isso sem esboçar uma única reação.
A Municipalidade folgou em cima dessa passividade e não fez um mínimo esforço para dar o merecido que o funcionalismo merecia. O prefeito bateu o pé nos 4% e não abriu mão de um centavo sequer. Todos sabem que se o chefe do Executivo jogasse pelo menos a bagatela de R$ 15,00 no cartão a categoria aceitaria de mão beijada. Não foi o que aconteceu, contudo. Espremido entre o Ministério Público (MP) e o Tribunal de Contas (TC), o Executivo usa a Lei de Responsabilidade Fiscal como bode expiatório para suas justificativas. Nenhum de nós,com certeza, queremos o prefeito municipal no xilindró, tomando café de canequinha. Defendemos, entretanto, que embora a lei seja fria e estática, há de se chegar a um consenso humanizado e mais solidário entre o Poder Público e a Justiça. Não havendo um esforço conjugado, porém, a decisão tomada por Matão é inevitável. E o funcionalismo público municipal em Taquaritinga não está longe disso.
O cabo-de-guerra entre servidores e Municipalidade não acabará em nada, sem vencedores. Não vem ao caso, por exemplo, quantas velinhas serão apagadas no bolo de aniversário da compra do prédio da Stéfani S/A pela Prefeitura. A cobrança sempre cairá na cabeça dos empregados municipais. Uma vez mais, todavia, os vereadores resolveram dar mais tempo para a solução do problema e num gesto providencial do vereador Antônio Vidal (o popular Tonhão da Borracharia), que foi aprovado pelos demais edis, o projeto de Lei Complementar, enviado pelo Executivo, que concede reajuste de 4% nos vencimentos dos servidores públicos da administração direta e indireta de Taquaritinga, teve pedido de vista aprovado. O funcionalismo quer porque quer pelo menos 5,7% na folha de pagamento, mas vai ter que esperar até segunda-feira da semana que vem (dia 24), a última sessão legislativa ordinária do mês, antes do recesso parlamentar. Se até lá nenhuma decisão administrativa tiver sido tomada, que a Câmara de Vereadores aprove os 4% do jeito que está. Mais que isso o prefeito Vanderlei não vai conceder mesmo, tenham certeza.
Corre-se até o risco da categoria não receber o reajuste no mês de julho, com perdas ainda maiores do que já se perdeu até agora. Afinal, desde janeiro, com esse jogo de empurra-empurra, somam-se pelo menos seis meses sem aumento salarial. Os servidores não aguentam mais se sustentar a pão e água. Alguma medida tem que ser tomada pela lei.

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