Nossa Palavra – A linha da morte

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Não se assustem. Com a chegada dos ventos, uma das coisas mais prazerosas, principalmente na infância, é soltar pipas. A maioria dos meninos sabe como preparar um papagaio (nome como é conhecido no meio) e empiná-lo nas alturas. Para empiná-lo, todavia, é preciso um carretel de linha. E é aí que entra o perigo: as crianças compram livremente as chamadas linhas cortantes. Quando não tem, eles mesmos produzem com vidro moído, colados nas linhas normais.
Não bastasse isso, o perigo é maior: algumas lojas comercializam as chamadas linhas chilenas, sem fiscalização, que parecem mais fio de navalha. Elas são o terror dos ciclistas, motoqueiros e pedestres incautos. Ultimamente, essa linha tem provocado cortes e retaliações em pessoas (recentemente uma garotinha que passeava com a mãe sofreu ferimentos e teve uma das pernas amputadas). A linha cortante (ou mesmo a chilena) também já provocou a morte hemorrágica de alguns motoristas. Aqui mesmo em Taquaritinga tivemos cenas dramáticas de pessoas que foram salvas da morte por conta das linhas cortantes.
Justo cá na Cidade que prima por um campeonato tradicional de soltar papagaios, denominado Aproveite o Vento. Nesse evento, entretanto, é desclassificado quem usar linhas cortantes. Fora de lá, a sadia brincadeira carece de uma fiscalização. A prevenção é o melhor remédio, mas é necessário o Poder Público ficar de olho. Afinal, os pais – ao que parece – estão pouco se lixando para o que seus filhos estão fazendo fora de casa. Esquecem que educação vem do berço e deixam a responsabilidade de suas crianças nas mãos dos professores – sempre mal pagos e desprovidos de materiais.
É comum se ver perambulando pelas ruas menores de idade. Por lei, não fazem nada. Alguns nem mesmo frequentam a escola. Uma passagem escolar – descrita por uma professora que prefere não se identificar – revela que estamos indo de mal a pior: ela conta que disse a uma aluna para estudar bastante, arranjar um ótimo emprego e ganhar muito dinheiro. Ao que a menina lhe respondeu: “Não preciso estudar não, vou me casar com traficante”. A professora pediu licença e está sem dar aulas até hoje. Assim mesmo não custa bater na tecla de sempre.
Tomem cuidado com linha de cerol ou chilena: é uma arma contra as pessoas desprevenidas. Taquaritinga tem avenidas largas e abertas e é um convite para levantar pipas. Mas procure fazer isso longe de postes e fios elétricos, longe do trânsito fabril, em local ermo e descampado. Por último, um pedido aos pais e responsáveis: conscientizem seus filhos sobre o risco de utilizar as linhas cortantes (ou chilenas), pois alguém de sua própria família poderá ser a próxima vítima, seja andando de moto, de bicicleta ou até mesmo a pé. Estamos assistindo cenas escabrosas por causa dessas linhas e a conscientização desde pequeno deve ser prioridade para todos. Meninos e meninas devem ser ensinados.
Alertamos ainda o Poder Público para uma rigorosa fiscalização no comércio dos cortantes no Município – que até agora está de portas abertas para a molecada fazer a festa. Vamos aprovar uma lei na Câmara de Vereadores que proíba a venda dessa arma letal, que tantas mortes já provocou no país. Para se divertir não é preciso machucar ou matar alguém. Vamos continuar empinando papagaios, soltando pipas nesses eventos culturais. E nós d’O Defensor podemos garantir: é bem mais gostoso ver as pipas subindo sem esses artifícios ilegais e perigosos.

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