Brasil trará 50 ararinhas-azuis da Europa para projeto de reintrodução da espécie

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Hoje a ararinha-azul só sobrevive em cativeiros. São 158 indivíduos e a maioria deles agora está na Alemanha.

A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é uma espécie nativa da região de Caatinga, na Bahia. Descrita pela primeira vez em 1832, a ave tem aproximadamente 57 cm, quase a metade do tamanho da arara-azul-grande, daí o seu nome “ararinha-azul”. Sua plumagem azul e seu canto estão entre suas mais marcantes características.

Infelizmente, sua beleza a fez se tornar vítima do tráfico ilegal de aves silvestres. Além disso, a destruição de seu habitat também provocou o desaparecimento da ararinha-azul. O último indivíduo da espécie foi visto perto do município baiano de Curaça, no ano 2000. Por isso, ela foi considerada extinta na natureza.

Mas um acordo assinado esta semana, na Bélgica, entre o Ministério do Meio Ambiente e organizações de conservação europeias – Pairi Daiza Foundation e Association for the Conservation of Threatened Parrots -, estabeleceu a “repatriação” de 50 ararinhas-azuis de volta ao Brasil.

A previsão é que as aves só cheguem ao país no primeiro trimestre de 2019. Antes disso, elas precisarão passar por um processo de treinamento para, sobretudo, se adaptar ao clima da Caatinga. O primeiro passo será a transferência para um Centro de Preparação para Reprodução e Reintrodução da Ararinha-Azul, em Berlim, criado especialmente para esta finalidade.

Quando chegarem ao Brasil, as ararinhas-azuis serão levadas para outro centro de reintrodução da espécie, que será inaugurado em Curaça, dentro da Unidade de Conservação criada recentemente pelo governo federal.

“Até 2022 esperamos ter a ararinha-azul reintroduzida com sucesso na natureza”, diz Camile Lugarini, veterinária e pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Icmbio) e responsável pelo Plano de Ação Nacional para Conservação da Ararinha-Azul.

“Como as aves da vindas da Europa foram criadas em cativeiro, não é viável a soltura delas na natureza. Elas serão as genitoras de filhotes que serão cuidados no centro num primeiro momento e só então, depois, estes filhotes serão soltos na vida selvagem”, explicou Camile.

Ela revela ainda que as primeiras solturas serão feitas em conjunto com maracanãs (Primolius maracana), uma outra espécie, com hábitos semelhantes aos da ararinha – ambas, por exemplo, utilizam ocos de caraibeira (ipê-amarelo) para fazer seus ninhos. Antes de desaparecer, o último macho de ararinha-azul chegou a formar par com uma fêmea de maracanã.

“Acredito que muito do que estamos aprendendo com as maracanãs servirá para a ararinha-azul”, aposta Camile. “A criação das áreas protegidas era essencial, mas ainda é necessário arrumar a casa para receber as araras, ressalta. A paisagem é muito impactada pela criação de cabras, que interferem com a cobertura vegetal da qual as aves dependem para fazer seus ninhos e se alimentar”.

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