Nossa Palavra – Acerca da memória cultural

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Nas décadas de 60 e 70, Taquaritinga respirava Cultura. Depois, o ímpeto arrefeceu e o marasmo tomou conta das artes. Ironicamente, o entusiasmo juvenil acabou juntamente com a derrota do regime militar para a democracia. Dizem que a ditadura matou os sonhos adolescentes, o que não é verdade. Seria o mesmo que dizer que John Lennon não gravaria mais se não fosse assassinado estupidamente.

Tanto não é que, por volta de 2005, esse ânimo recrudesceu no mundo inteiro. Em Taquaritinga, por exemplo, nesse período, quando o ex-prefeito Paulo Delgado assumia o Paço Municipal José Romanelli, era criado o Museu Histórico Municipal de Taquaritinga José Martins Sanches Filho, no casarão de esquina da Praça Dr. Waldemar D’Ambrósio (antiga Centenário). O secretário municipal de Cultura, na época, era Adriano Araujo. Hoje, ele encabeça a Campanha de Resgate do Acervo do Museu, que teve adesão total da população, embora sempre tenha aquela meia dúzia que é “do contra”.

Metade das sereias, por exemplo, que ornamentavam a fonte luminosa da Praça Dr. Horácio Ramalho (antiga 9 de Julho), foi encontrada abandonada no Horto Florestal, hoje chamado de Jardim Botânico. Não é de se espantar. A ata histórica da primeira sessão de vereadores, se não nos enganamos, estava sendo levada pelos coletores de lixo, quando foi salva pelo saudoso historiador José Romanelli.

Já a Biblioteca Municipal, que antes se chamava Macedo Soares (assim definida num simples ato de bajulação dos poderosos da época), também por determinação de Paulo Delgado, passou a ser denominada “Escritor José Paulo Paes”, taquaritinguense de fama internacional, poeta e tradutor de alto gabarito, teve “melhor” sorte e, mesmo encravada num antigo boteco que nem sanitários tem, ainda reserva um espaço não muito generoso para os livros. O jornalista-maior da cidade, Augusto Nunes, ele próprio já doou inúmeros livros para a biblioteca central.

Outra poeta internacional nascida na terrinha foi Ivete Tannus, de nome estrangulado numa inexpressiva rotatória entre as ruas Major Calderazzo e dos Domingues, num ponto cinzento do Bom Retiro. Ademais, este semanário fará questão de apoiar a campanha não só de Adriano Araújo, mas também do próprio vereador Marcos Bonilla. Não só do Museu Histórico (embora este seja prioridade), como também da Biblioteca Municipal e do próprio prefeito Vanderlei José Mársico, que há de vencer em prol de sua luta por mais modernidade e tecnologia de ponta aos cidadãos de bem. Taquaritinga tem que avançar e museus e bibliotecas fazem parte dessa empreitada.

Que o acervo do Museu seja recuperado o mais rápido possível para que nossa memória cultural não seja apagada da fronte das novas gerações. Um povo que não tem passado não sabe o que é no presente e jamais saberá o que será no futuro. Estamos torcendo para que o secretário Thiago Duarte consiga sensibilizar a aguçada mente do chefe do Executivo para que se possa reativar o Museu Histórico e profissionalizar a Biblioteca Municipal.

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