Artigo: Dê sonhos e oportunidades neste Natal

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Por: Leonardo Oliverio*

Antes de mais nada, sou um apaixonado por livros. Sim, os de papel, que forram estantes até não caber mais e que juntam poeira se você não cuidar. Apaixonado por livros que lhe permitem sentir a história antes mesmo de ter lido suas páginas.

Antes de explicar alguns dos motivos pelo qual escrevo este artigo, gostaria de lhe fazer um pedido: Dê livros de presente neste Natal! Presenteie os parentes e amigos com histórias de qualquer natureza, do autor que preferir, do gênero que desejar.

Os últimos anos foram de extrema penúria ao mercado editorial. Grandes cadeias em recuperação judicial e fechamento de operações menores dão o tom nesta década. Um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a partir de dados do Ministério do Trabalho, mostra que o número de livrarias e papelarias em funcionamento no Brasil encolheu 29% em 10 anos. No final de 2017, eram 52.572 estabelecimentos – 21.083 a menos do que o país reunia em 2007.

Mesmo a virtualização dos livros, que registra certo crescimento, o mercado editorial sofre demasiadamente em razão de falhas no modelo de gestão escolhido para as empresas deste setor. Preços altos demais para o padrão brasileiro e descontos desproporcionais são alguns dos fatores que levam à insustentabilidade do negócio.

O cenário do interior é ainda mais desolador. Sem grande procura, pequenas livrarias fecham suas portas abrindo espaço para a propagação de uma cultura rasa e sem qualquer conhecimento literário. Algumas cidades já não possuem sequer um sebo ou qualquer local que realize o comércio de livros, o que agrava ainda mais esta situação.

Soma-se a isso a falta de políticas públicas que permitam a criação de empatia com os livros ainda na primeira infância e chegamos a uma projeção de futuro sombrio. Nesta seara podemos ir além e esmiuçar uma discussão ainda mais tensa: desde 1988 quando universalizou-se o direito à educação os governos pouco tratam do tema “literatura”. Na verdade todos aqueles que tiveram acesso à educação pública até meados da década de 90 sabem que havia alguma preocupação dos educadores com o hábito do consumo de livros (principalmente literatura brasileira e portuguesa com focos nos vestibulares), entretanto esta preocupação dissipou-se, em parte por conta das atribuições dos educadores – sobrecarregados em razão da carga horária – mas também pela falta de condições de trabalho da classe, que se vê muitas vezes sem acesso à bibliotecas ou outros meios para educar seus alunos.

A recuperação deste processo de enfraquecimento do mercado passa pela necessidade de reinvenção do próprio modelo de negócio, criação de políticas públicas que se aproveitem da importância da literatura na educação de crianças e jovens e fortalecimento das bibliotecas – sobretudo nas pequenas cidades. Cabe a nós, cidadãos que (ainda) investem algum tempo na leitura de livros, presentear com livros crianças e jovens sempre que possível, oferecendo a eles a oportunidade de encontrar no livro um espaço para ampliar seu desenvolvimento e ajudando de alguma forma um setor que dá oportunidade de empregos e que não pode minguar.

* Leonardo Oliverio é empresário. Além de gerir empresas no ramo de alimentação e marketing desenvolve ações de segurança pública, turismo e desenvolvimento econômico.

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