Taquaritinguenses que moram no exterior: Maristela Galati relata como é viver em um país rotulado pelas guerras religiosas

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Um país destruído por guerras e que vive em constantes conflitos religiosos: é assim que a maioria dos brasileiros pensa e descreve quando lhe questionam ou pedem para definir Israel. Localizado no Oriente Médio, ao longo da costa do Mar Mediterrâneo, o Estado foi fundado em 14 de maio de 1948 e conta com cerca de 8,5 milhões de habitantes. Desse número, cerca de doze mil pessoas são brasileiras e, entre elas, está Maristela Galati. Jornalista, 24 anos, ela mora em Tel Aviv há um ano e dois meses com o seu namorado Jordan, o médico israelense que ela conheceu em uma viagem que fez para o Rio de Janeiro (RJ) para visitar o litoral carioca.

Maristela relata, no bate papo com a equipe do jornal O Defensor, que sempre teve vontade de morar no exterior, porém, não houve oportunidade para que ela pudesse iniciar a mudança anteriormente. Ao conhecer seu atual companheiro, e a convite dele, viu que o momento para realizar o sonho estava se aproximando. “Como muita gente sabe, eu mudei para Israel porque meu namorado é israelense, e esse era o único jeito de ficarmos juntos. Como o Jordan é médico, seria difícil para que ele exercesse a sua profissão no Brasil, e como eu já queria deixar o páis, resolvi vir morar aqui a convite dele durante a minha primeira vinda a Tel Aviv. Até porque, quando vim para Israel pela primeira vez, me apaixonei pelo lugar, principalmente pela cidade onde moro”, conta.

Para se adaptar ao novo lar, Maristela cursa a língua hebraica desde que se mudou. Segundo ela, este é um dos fatores de maior dificuldade, além da cultura que o país sustenta. Ela explica que aprender esta língua é um desafio que nunca imaginou que teria que enfrentar. O jeito reservado, e muitas vezes indelicado, que os israelenses possuem, são hábitos que as pessoas de lá demonstram frequentemente, e ela precisou amadurecer para poder se sentir mais confiante ao se comunicar por lá. “Os israelenses são mal-educados, grosseiros e “brigões”. Eles gostam de falar alto e de te desafiarem. Quando me mudei para cá, ficava com medo de falar com as pessoas na rua; hoje em dia aprendi a ser mais “durona”, porque se não for assim, eles “pisam em você sem dó”. O afeto é algo que os habitantes daquele país não cultivam e, segundo Maristela, “abraço lá é coisa de amigo MESMO”.

A culinária de Israel é totalmente diferente na visão da jornalista; o cardápio do país é composto por comidas apimentadas e, principalmente, saudáveis. O café, bebida típica do nosso país, também se faz presente na rotina deles, mas preparado de um modo diferente do nosso. Por causa da temperatura elevada, os israelenses são apaixonados pela bebida gelada, e, às vezes, misturam-a com leite. Aliás, adoçar as bebidas não é uma prática de quem mora em Israel, e Maristela relata que “qualquer sobremesa é mil vezes menos doce e mais simples que as servidas no Brasil”.

Quando residia em Taquaritinga (SP), a jovem sempre idealizava como seria morar fora do Brasil, mas quando se mudou para a nova cidade, viu que a realidade não era como ela estava pensando: “quando a gente pensa em morar fora, na nossa cabeça, estamos indo em busca de conquistar o mundo e realizar todos os nossos sonhos. Só que, ao chegar no seu destino, nos damos conta de que é preciso batalhar muito (bem mais que no Brasil) para conseguirmos qualquer coisa”, declara. A saudade de sua família e de seus amigos também é um sentimento que ela precisa lidar constantemente.

Maristela disse que procura se manter atualizada sobre o noticiário brasileiro, principalmente sobre as reportagens políticas, pois se preocupa muito com o futuro do país. Ela procura voltar anualmente para a residência de seus pais, localizada no Município. Sua última estadia foi há três semanas, quando permaneceu por dois meses na “cidade pérola”. Por falar nisso, a taquaritinguense diz não ter planos de voltar a residir aqui; “embora sinto falta da minha família e amigos, depois que você se acostuma com o exterior, não dá mais vontade de voltar. Eu tenho muita vontade de morar em outros países, como a Itália, Estados Unidos, Austrália e Canadá, mas ir ao Brasil será somente para matar a saudade”.

Ao apontar as melhorias que Taquaritinga, na visão dela, necessita urgentemente, a jornalista relata que “é necessário que, não só o Município, mas todo o Brasil aprenda com os países de primeiro mundo e invista em educação e saúde pública. Em Israel, a educação pública é igual a educação privada e o transporte público é excelente. Você se locomove com muita facilidade, sem ter que enfrentar lotações. Em Tel Aviv existem ciclovias por toda a parte e a maioria das pessoas usam a bicicleta como meio de transporte”.

A jovem, que possui o visto necessário para morar e trabalhar no país que está vivendo, deixa um recado para as pessoas que possuem o mesmo sonho que ela já teve um dia, para se encorajarem e embarcarem em uma experiência única e inesquecível. “Se é isso o que você quer, então vá em frente, mas saiba que não será fácil. Por incrível que pareça, é muito mais fácil morar no Brasil do que no exterior; é o que chamamos de “zona de conforto”. Por outro lado, nada de surpreendente acontece se não arriscarmos. Eu, por exemplo, não teria conhecido cinco países no período de um ano e meio se tivesse optado pelo cômodo e pelo “fácil”. Morar no exterior é saber que você viverá com o eterno sentimento de saudade das pessoas que você ama, mas por outro lado, você conhecerá pessoas do mundo todo e irá aprender muito com elas. E o mais importante de tudo: você vai descobrir que é mais forte e corajoso do que você imagina, e também, descobrir uma nova pessoa dentro de você mesma”.

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