Nossa Palavra: Tem que sair do papel

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Os melhores projetos são aqueles que não ficam engavetados depois de anunciados, confabulavam severas senhoras libanesas nas lojas de armarinhos da antiga Rua do Comércio. Elas não arredavam pé em ditar regras políticas e econômicas quase sempre com sabedoria. Se não vai concluir o projeto, melhor não anunciá-lo, as velhas libanesas eram incisivas nas colocações.

Politicamente, melhor lição não há para quem pretende dar os primeiros mergulhos na política provinciana, cheia de vaidades e nuances particulares. É próprio dos inexperientes anunciar um projeto antes de concluí-lo. Só se deve alardear uma conquista enfaticamente, por exemplo, depois de tudo preto no branco, assinado e comprovado. Antes disso, o melhor é fazer boca de siri.

Tanto o prefeito quanto o vice estão pecando nesse quesito, falhando nesse ponto: falam antes de conquistar e isso tem levado ambos ao cadafalso, só falta a corda para serem enforcados. Todavia, a maratona do poder executivo não caminha nesse sentido: para terminar um périplo administrativo é dado ao homem público uma sequência de passos que deve ter ritmo e cadência.

Acostumados às lides das empresas privadas, prefeito e vice demonstram o quão ficam afoitos frente a frente com as empreitadas públicas. Contudo, essa ansiedade não cai bem para a saúde, é preciso remediá-la, tratá-la. Caso contrário podem provocar um verdadeiro surto pela Cidade inteira – que, aliás, é o que já vem acontecendo. Aí nem medicamento ameniza essa febre.

A imprensa dá a sua opinião, o que é próprio da democracia e das liberdades democráticas. Cabe ao prefeito e vice ter o equilíbrio de absorver os pontos negativos apontados e tirar projetos do papel apenas depois de concluídos. Anunciar alguma coisa (qualquer que ela seja) antes de conquistada pode ser terrivelmente desastroso. E como vem acontecendo pode levar o anunciante a levar a alcunha de demagogo e – o que é pior ainda – de mentiroso, por não cumprir o que foi prometido. E, convenhamos, de promessas nossos políticos enchem caminhões de esperança de toda população todos os anos.

Não prometer hoje em dia virou lição de casa de todo prefeito e vice. Ao acenar com obras faraônicas, o prefeito de Taquaritinga pisou no tomate (que já foi símbolo maior do Município) logo no início de sua gestão. Qualquer criança da Escola Domingues da Silva hoje sabe muito bem que governar é ter os pés no chão e trabalhar com os limites do possível – sem desvios.

Ou o chefe do Executivo se conforma com os limites do possível e não promete mais mundos e fundos para Deus e todo mundo ou ele sofrerá pesadas marcas e estigmas com o passar dos tempos. Como imediatista que é, a população não aceita mais sobreviver de promessas e sonhos. Todos querem arroz e feijão no prato no almoço e no jantar. São coisas da vida!

Até acreditamos nas boas intenções do prefeito e vice, mas muitas coisas terão que ser enfiadas na sacola. O ex-prefeito Paulo Delgado sofreu a mais ferrenha oposição que Taquaritinga já teve. Era ele contra tudo e contra todos (inclusive o próprio Vanderlei e a imprensa), mesmo assim ele não desistiu e acabou sendo re-eleito com a maior votação da história local.

O prefeito Vanderlei costuma dizer que é “meia-dúzia”que atrapalha o seu governo, menos mal. Já teve prefeito que administrou a Cidade sem base de apoio e saiu-se muito bem, fez uma gestão espetacular. O mal do atual chefe do governo municipal é alardear as conquistas sem ter sequer conquistado. Fica parecendo que ele ta fazendo graça com o chapéu do vizinho, o que acreditamos não seja verdade. O prefeito é capaz de prometer e fazer. Ok?

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