Há meio século, padre Cavallini dava a lição: ‘Não roubar e não deixar roubar’

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Documentário foi produzido pela Via d’Idea

Na noite de segunda-feira (4), no Cinemec, em Taquaritinga, aconteceu a avant-première do documentário ”Cônego Cavallini: um só coração”, exclusiva para participantes, colaboradores e patrocinadores. O primeiro longa metragem da Cidade foi idealizado e dirigido pelo professor José Carlos Sartori e produzido pela Via d’Idea Estúdio Gráfico, de seus filhos Juliano e Ricardo Sartori, que foram responsáveis pela direção de fotografia, textos, edição e finalização do trabalho. A exibição começou por volta das 18h50 e foi assistida por cerca de 100 pessoas. “Não haveria melhor lugar para exibir o trabalho, comentou Juliano sobre o espaço gentilmente cedido pela família Quadros.

Nas 20 horas de depoimentos gravados, o que equivale a 400Gb de dados e 340 horas de edição, existem trechos surpreendentes: como o contado por Vicente Aparecido Scarambone, que trabalhou quase 20 anos com o cônego Lourenço Cavallini na Provedoria da Irmandade da Santa Casa de Araraquara. Cavallini tirou o hospital do “vermelho e ainda deixou dinheiro em caixa. Foi quando o então governador Mário Covas visitou o nosocômio e quis saber qual a “mágica”para economizar recursos. Cônego Cavallini não se fez de rogado e sentenciou: “Isso é fácil: é só não roubar e nem deixar roubar”. Pelo menos 39 pessoas participaram das gravações do documentário feito pela Família Sartori.

Apresentado pelo historiador Milve Peria, o documentário mostra ainda depoimentos gravados pelo jornalista taquaritinguense Augusto Nunes, que comanda o programa “Roda Viva”(na TV Cultura), que fez questão de registrar a história da lamparina que “refletia”, na crença popular, a imagem de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Sargi. Padre Cavallini ficou sabendo, foi lá e meteu um “bicudo” na lamparina e mandou todo mundo pra casa: “Vão trabalhar, seus vagabundos!”(Nunes disse que o cônego adorava chamar os outros desse modo). Também deram seus depoimentos Dimas Ramalho, Arnaldo Savassi, Abrahão Cheadi, Darcy Ferrari, Edevidio Bussadore e padre José Felipe Neto (Zezo).

As entrevistas e cenas do documentário foram gravadas em Araraquara, Taquaritinga,Jurupema e Vila Negri, já que o trabalho, entre pesquisa, produção e finalização, levou 32 meses.Darcy Ferrari falou das músicas (Lourenço Cavallini era exímio compositor e cantor), autor do Hino a Taquaritinga que, conforme o Dr. Dimas Ramalho (conselheiro do Tribunal de Contas do Estado – TCE), até as crianças cantam com gosto. De acordo com José Carlos Sartori, “é o primeiro longa-metragem produzido com qualidade de cinema da Cidade, com gravação de trilha sonora com orquestra exclusiva para o documentário baseada nas músicas do cônego”.

No final do documentário, Vicente Scaranboni relatou uma passagem de quando foi convidado pelo cônego para trabalhar com ele em Araraquara. Scaramboni teria dito que tinha medo de enfrentar a “cidade grande”e pela primeira vez ouviu de Cavallini um verdadeiro palavrão: “Quem tem medo morre cagando”. O cônego era assim: às vezes quente, às vezes frio, mas nunca foi morno. Ele, aliás, incentivou o povo a participar da política e dar sua opinião numa época em que ninguém sabia disso.Lourenço Cavallini estava à frente de seu tempo.

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