O uso da oratória nos momentos decisivos

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Coordenador de Eventos da Uniara e especialista no assunto dá dicas de como se comunicar de maneira mais eficiente

Quantos desentendimentos seriam evitados se quem transmite a informação fosse bem claro? E o frio na barriga de estar frente a um auditório lotado para apresentar seu trabalho? Expressar-se bem hoje, mais do que nunca, pode ser decisivo para uma pessoa. O coordenador do setor de Eventos da Universidade de Araraquara – Uniara e especialista em oratória, Paulo Henrique Ribeiro Cardozo, fala sobre o assunto e dá dicas de como se comunicar de maneira mais eficiente.

“Ao contrário do que muita gente pensa, a oratória não é só a arte de falar bem, mas de se comunicar bem, diante de uma plateia, em uma reunião ou em diversas situações. É importante lembrar que isso significa usar bem o vocabulário e prestar atenção na articulação, para que fique tudo muito claro. Há também a questão da linguagem não-verbal, que é a posição dos braços, olhos e cabeça, enfim, da postura corporal”, explica Cardozo, foto ao lado.

Ele ressalta a importância de saber se comunicar bem, especialmente no cotidiano acelerado da sociedade contemporânea. “Vivemos em um momento em que as pessoas não têm muito tempo para grandes discursos. Tudo é muito rápido e dinâmico, sobretudo com as tecnologias de informação e comunicação. Assim, é necessário que você passe uma informação precisa o mais breve possível, e as pessoas, sobretudo aquelas que usam frequentemente as redes sociais, estão habituadas, por exemplo, com os ‘140 caracteres’, o que torna a oratória mais necessária, já que a informação precisa ser focada, sob pena de isso se perder, ter um outro significado e haver uma má interpretação”, alerta o profissional, destacando que figuras públicas devem redobrar a atenção na hora de se expressar.

O lado psicológico tem uma implicação grande quando as pessoas “travam” ao falar em público, segundo o especialista, porém, não é só isso. “É uma questão de prática e de técnica. Você não tem a habilidade e a agilidade logo de cara. Aprende-se a técnica e a se comunicar, mas isso não quer dizer que uma pessoa será uma grande comunicadora no dia seguinte. Será necessário treinamento, insistência, persistência e repertório, sendo que a leitura é fundamental para expressar aquilo que ela precisa”, diz Cardozo, que menciona que a comunicação representa mais de 70% do fechamento de um bom negócio.

Além disso, o coordenador aponta que as boas organizações sempre abrem espaço para que o funcionário exponha suas ideias e mostre no que pode contribuir. “É importante que a pessoa esteja preparada. Por isso técnicas e estudos a respeito do comportamento corporal e de oratória estão cada vez mais em evidência”, afirma.

Na prática, para quem faz uso da voz constantemente, é bom tomar cuidado com a forma como irá cuidar da garganta, antes de um evento. “Há uma equivocada ideia de que consumir alguns tipos de alimento, como bala, melhora o desempenho na hora de se expressar. Toda vez que o indivíduo consome algo apimentado ou ardido, isso dá uma falsa sensação de alívio nas pregas vocais e, em pouco tempo, ele começa a exigir mais dela. Em uma aula ou uma apresentação mais longa, por exemplo, quando chega ao final, a voz desaparece”, salienta o coordenador.

Como sugestão para a preservação da voz, ele aconselha o consumo de alimentos adstringentes, como a maçã. “Além disso, e mais importante, tem a hidratação. É preciso estar sempre bem hidratado e evitar, próximo a uma apresentação, consumir chocolate e café, já que quase provocam um ‘nó’ na garganta por darem a falsa sensação de bem-estar”, salienta. No caso dos professores, o ideal, de acordo com Cardozo, é que consumam pelo menos meia maçã todos os dias.

Respiração também é muito importante na oratória. “Auxilia na construção do conhecimento e do encadeamento de uma fala. Antes de começar um seminário ou apresentação importante, deve-se fazer exercícios de respiração profunda, muito útil até para quem não usa a oratória. Quando você faz isso, oxigena o cérebro, o que faz com que as ideias se organizem, e aí, há maior probabilidade de seguir o raciocínio como o planejado e de não ter os famosos ‘brancos’. Isso ocorre pela descarga de adrenalina e pela aceleração do coração, de modo que a respiração se altera, o que bagunça as informações na cabeça”, explica o especialista.

Outra dica do profissional é a pessoa fazer aquilo que for mais simples, planejado e organizado, no começo de uma explanação. “O bom orador deve evitar, de todas as formas, fazer piadas no início. Se ela for ruim e as pessoas não derem o ‘feedback’ que ele está imaginando, isso pode interferir na apresentação. Os deslizes geralmente acontecem na preparação e no começo. Quando passar esse momento de maior estresse, é possível se soltar e trazer a plateia ‘mais para perto’”, esclarece.

Para quem tem interesse em aprender mais sobre a oratória, Cardozo recomenda atenção na procura pelo curso. “Têm surgido muitos ‘profissionais’ sem a formação adequada para oferecer esse tipo de capacitação. Muito cuidado com isso. Às vezes, ele é só uma pessoa com boa lábia, mas não tem técnica. Investigue a idoneidade sempre. Procure um curso com profissionais consolidados no mercado, e não um aventureiro. Isso pode tomar tempo que, como já dito, é muito valioso atualmente”, finaliza.

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